sexta-feira, 1 de junho de 2007

A moeda na República Velha.

À proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca em 1889, seguiu-se um período marcado por golpes, ameaças e rebeliões armadas, quando os militares, que representavam os anseios da classe média de que provinham, tiveram que ceder à força das grandes oligarquias que detinham o poder econômico representado pelo café. A consolidação do poder civil verifica-se a partir de Campos Sales (1898-1902), quando o governo central passa a apoiar as oligarquias estaduais em troca do apoio destas à sua política, e a Presidência da República vem a ser exercida alternadamente por São Paulo e Minas Gerais, num esquema de fraudes eleitorais e votos de compromisso que se tornou conhecido como a política do café com leite ou dos coronéis.
A tentativa do último presidente paulista, Washington Luís (1926-1930), de fazer seu sucessor outro candidato paulista, concorreu para agravar o descontentamento dos demais Estados e desencadeou a chamada "Revolução de 1930", que levou o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas ao poder.
A economia, como nos tempos do Império, baseava-se na exportação de produtos primários, como a borracha e, principalmente, o café, origem das grandes fortunas do país e cujo plantio crescia em proporções desenfreadas: de 220 milhões de pés em 1890 passou a 520 milhões em 1900. Enquanto os preços do produto permaneciam estáveis, o país contava com os ganhos da exportação para incrementar a indústria incipiente, mas com a oferta sempre crescente, as cotações declinavam, tendo o governo de intervir na compra do produto, para isso lançando mão de vultosos empréstimos, que provocaram grande endividamento externo. Acresce que a desenfreada emissão por um número crescente de bancos, determinada, no início da Republica, pelo Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, levou o meio circulante a uma inflação desmedida, tendo a quantidade de dinheiro em circulação quase triplicado no espaço de 10 anos. Procurando solucionar o problema, o governo determinou que o Banco da Republica do Brasil – resultado da fusão, em 1892, do Banco do Brasil com o Banco da República dos Estados Unidos do Brasil – passasse então a ser o único estabelecimento emissor do país. Em 1896, o governo transfere esse poder emissor para o Tesouro Nacional. As emissões bancárias são substituídas por notas do Tesouro, numa tentativa de uniformizar o meio circulante.
Apenas em 1898, Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda do Governo Campos Sales, conseguiu renegociar a dívida com os credores internacionais (o chamado funding loan) e implantar uma política deflacionária, que deteve no entanto o crescimento econômico. No ano de 1900, o governo assumiu o controle direto do Banco da República do Brasil que, em fins de 1905, passaria por nova fase jurídica, recuperando o nome de Banco do Brasil. Um ano depois (1906) é criada a Caixa de conversão visando à estabilidade cambial e ao controle da crise do mercado do café. Autorizada a emitir bilhetes conversíveis, garantidos por lastro em moedas de ouro nacionais e estrangeiras, como a libra e o dólar, acabou encerrando sua atividade emissora em 1913, sendo extinta em 1920 e incorporada à Caixa de Amortização.
O Banco do Brasil, mais uma vez autorizado a emitir papel-moeda, colocou em circulação (1923-1926) notas próprias impressas nos Estados Unidos, com valores entre 1.000 réis e um conto de réis. O Banco fez sua última emissão de papel-moeda para fazer face às dificuldades provocadas pela instalação do governo revolucionário (1930).
Em 1926, na tentativa de proceder a uma reforma monetária, visando à criação do Cruzeiro, o governo instituiu a Caixa de Estabilização. Sua função era trocar o ouro em barra ou amoedado por notas próprias de igual valor, possibilitando a conversibilidade de todo papel-moeda em circulação. Como a reforma não se completou, a Caixa encerrou suas atividades em 1930.
O advento da República não determinou modificações imediatas no sistema monetário, que manteve o padrão mil-réis, múltiplo do real. Mas, devido à inflação, o real perdeu totalmente sua expressão de valor, substituído na prática pelo mil-réis. Era representado pela abreviatura Rs grafada antes do valor, e por um cifrão ($) colocado entre a unidade de mil réis e a centena de réis. Para representar o conto de réis, equivalente a um milhão de réis, escrevia-se Rs 1:000$1000.
As moedas de ouro e prata sofreram mudanças visuais previsíveis. A figura feminina, representando a República e a Liberdade, substituiu a efígie real, continuando as moedas de ouro de 20.000 e 10.000 réis a serem cunhadas até 1922, quando o alto custo do metal passou a inviabilizar a cunhagem, utilizando-se o papel-moeda para expressar valores maiores.
No período de 1891 e 1897, foram cunhadas moedas de prata no valor de 2.000 réis, ostentando numa das faces a efígie da Liberdade coroada de louros, e na outra, entre louros e ramos de carvalho, a constelação do Cruzeiro do Sul cercada por 20 estrelas, tendo ao alto uma irradiante que representava o Distrito Federal.
Em 1900, por ocasião do quarto centenário do Descobrimento do Brasil, foi lançada a primeira série de moedas de prata comemorativa do período republicano.
Entre 1906 e 1912, foram colocadas em circulação moedas de prata nos valores de 2.000, 1.000 e 500 réis, trazendo numa das faces o peso expresso em gramas. A Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou, em 1912 e 1913, outra série nesses mesmos valores, com a efígie da República rodeada por um círculo de 21 estrelas, ligadas por laços, representando a união dos Estados. Houve ainda uma terceira série, cunhada em 1913 na Alemanha, sem traços entre as estrelas e trazendo a letra monetária ª Em 1922, por ocasião do primeiro centenário da Independência, o Imperador Pedro I e o Presidente Epitácio Pessoa foram retratados nas moedas de 2.000 réis. Entre 1924 e 1934, cunharam-se novas moedas de 2.000 réis, com a efígie da Liberdade cercada de 21 estrelas, representando os Estados do Brasil.
Retomou-se em 1889 a cunhagem de moedas de bronze nos valores de 40 e 20 réis, respectivamente com as inscrições A ECONOMIA FAZ A PROSPERIDADE e VINTEM POUPADO, VINTEM GANHO, para estimular a idéia de poupança. Em 1912, encerra-se, em definitivo, a cunhagem de moedas desse metal.
De 1889 a 1900, foram cunhadas moedas de cuproníquel nos valores de 200 e 100 réis. E, já em 1901, uma nova série de moedas da mesma liga, agora com a inclusão do valor de 400 réis, foi encomendada à firma alemã Basse & Selve, na quantidade astronômica de 161 milhões de peças, a maior produção da época, o que levou à contratação de mais casas de moeda estrangeiras. Entre 1918 e 1935, outra família dessas moedas divisionárias é lançada, nos valores de 400, 200, 100, 50 e 20 réis.
As cédulas eram em geral produzidas no estrangeiro, como por exemplo as de 100.000 réis, na Itália (1915); as de 20.000 réis, na Inglaterra (1900) e as de 10.000 na França (1903). A cédula de 5.000 réis da 14ª estampa teve duas impressões, ambas feitas nos Estados Unidos: a de 1912, com figura feminina, recolhida e incinerada devido a irregularidades na impressão, e a de 1913, com efígie do Barão do Rio Branco.
Entre 1920 e 1924, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro produziu interessante série de cédulas para o Tesouro Nacional pelo processo xilográfico (técnica de gravação manual em placa de madeira).
De 1924 a 1931, surgiram novas moedas de 1.000 e 500 réis de bronze-alumínio, com a figura feminina que simboliza a Abundância trazendo à frente a constelação do Cruzeiro do Sul. Também foram feitas moedas dessa liga em 1922, nos valores de 1.000 e de 500 réis, comemorativas do primeiro centenário da Independência, em alguns exemplares das quais o nome do país aparece grafado BBasil.

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